(Foto: David Jay)
Semana passada me
deparei com uma série de fotografias de David Jay, um fotografo de moda que registra
a beleza de modelos. O curioso é que as fotos não eram direcionados ao mercado
da moda, na verdade as fotos que vi foi de me emocionar, o fotografo registrou
a luta de mulheres portadoras do câncer de mama contra a doença.
Vi todas aquelas
mulheres realmente bonitas, mostrando as mamas marcadas pela mastectomia
resultada do tratamento da doença. Entre todas as fotos fui tomada pela emoção
ao ver uma mulher ruiva chorando diante da câmera, apenas ela chorou, e apesar
de não sabermos o que ela sentia (pois só sabe a dor de passar por tal situação
quem nela está), em meus olhos veio lágrimas.
Imagino que naquele
momento, ali diante da câmera posando com sua mama a mostra, na cabeça dessa
moça ruiva passava todos os momentos desde que descobrira o câncer, o
tratamento, o medo, as preocupações, a mutilação.
Bombardeadas todos os
dias pela ditadura da beleza que estampa as capas de revistas, novelas,
programas de reality shows, com corpos perfeitos, padrões que “devemos seguir”
para sermos consideradas lindas e desejadas. Hoje que os seios perfeitos
aparecem como símbolo de sensualidade, como essas mulheres se sentem ao perder
a sua mama?
A mulher ao ser diagnosticada, além de lidar com o tratamento, as questões econômicas para sustentá-lo, e as consequências deste que leva, em muitos dos casos, a mastectomia, ela enfrenta uma crise de identidade feminina, pois existe também a questão cultural em que a mama aparece como símbolo da feminilidade, sensualidade e maternidade.
No imaginário social, a
mama está associada a atos de prazer, a amamentação, a sedução e a caricia. A
amamentação é o contato estabelecido pela mãe com o seu filho, naquele ato ela
alimenta a criança e também o acolhe. Então, ao passar pelo processo de mastectomia,
a mulher passa pelos piores sentimentos que pode sentir: a rejeição,
inferioridade e baixa autoestima. O contato com seu filho no ato da amamentação
é cortado, diante da ditadura da beleza em que vivemos perde a autoestima, e o
medo de ser rejeitada pelo seu parceiro a atormenta.
Pode-se considerar
então que “a falta da mama e a falta do seio representam, num primeiro momento,
a morte simbólica da mulher”.
Referência: SILVA,
Lucia Cecília da (2008). Câncer de Mama e sofrimento psicológico: Aspectos
relacionados ao feminino.
Fotos de David Jay: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/05/ensaio-de-mulheres-com-cancer-de-mama.html